23 Mai 2011
Uma leitura teórica e social da situação enfrentada pelas igrejas pentecostais clássicas em relação aos novos modelos eclesiais foi o foco da mesa de diálogo intitulada “Pentecostalismo e Neopentecostalismo no México Hoje”, reunida sábado, 21, nesta capital.
A informação é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 23-05-2011.
O encontro, que teve lugar no Seminário Evangélico Mexicano da Igreja de Deus (SEMID), contou com a presença do pesquisador e catedrático da Universidade de Estrasburgo, Jean-Pierre Bastián, e Ariel Copus, estudioso social de juventudes e religião.
Fazendo referência à sua obra "Os dissidentes, sociedades protestantes e revolução no México", Bastián localizou o vínculo entre pentecostalismo e protestantismo histórico no desenvolvimento de uma cultura contestatória frente à hegemonia da Igreja Católica no México.
Bastián disse que as igrejas pentecostais, ao darem uma saída à miséria, permitiram às pessoas recuperar a auto-estima dentro da chamada cultura protestante ou evangélica, na qual também se localizam os pentecostais clássicos, quando o termo “evangélico” fala de uma pluralidade protestante que converte os pobres em verdadeiros cidadãos.
O estudioso referiu-se como alguns desses protestantes que se lançaram à revolução queriam um México educado, tanto que liam simultaneamente a Bíblia e a Constituição política.
Embora esses protestantes revolucionários não tenham alcançado o reconhecimento da história como ocorreu com Vila e Zapata, eles o obtiveram, no entanto, em nível regional, como é o caso de Pascual Orozco e de outros “coronéis, militares, tenentes, mestres e pastores” que deram aportes às lutas independentistas.
O pesquisador qualificou o neopentecostalismo como um “cristianismo da emoção” que inventa o milagre dentro do que pode ser definido como um mercado religioso contemporâneo, mais afeiçoado do que outras correntes do pensamento teológico à religiosidade popular.
Bastián recomendou às igrejas pentecostais a não responderem a esse mercado, mas apostar num projeto educativo que incida na criação de uma verdadeira consciência evangélica embasada no “milagre em ação”, o qual, longe de toda espetaculosidade factual, responde às necessidades do bairro e da comunidade onde a igreja está inserida.
“Num México marcado pela violência, que gera exclusão no trabalho, não resta outro caminho, a muitas pessoas, que não seja o narcotráfico. Aí deve intervir a igreja, numa sociedade machista, na qual as mulheres sofrem violência sexual. Aí deve se produzir o milagre da vida e a dignidade que pode vir do pentecostalismo.”
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Pentecostalismo deve responder com pequenos "milagres" locais, sugere pesquisador - Instituto Humanitas Unisinos - IHU